Relativismo

Publicado em 11 de Janeiro de 2019 ‐ 3 min de leitura

Relativismo é a ideia de que a verdade, o conhecimento ou o julgamento moral são relativos a situações e somente são válidos para a sociedade particular onde vigoram.

Podemos sintetizar o relativismo em em três variações:

  1. relativismo cognitivo que assegura que não há certeza em matéria de representação do mundo;
  2. relativismo estético em que os valores artísticos seriam um efeito da moda ou do esnobismo;
  3. relativismo normativo em que as normas seriam convenções culturais e arbitrárias.

Sustenta-se, aqui, que não existem padrões éticos universais ou absolutos, uma vez que cada sociedade desenvolve os seus próprios padrões. (Boudon, 2010)

O relativismo contrasta com a ciência moderna?

Sim. O relativismo é incompatível com a ciência moderna em que se privilegiam absolutos, tais como propriedades e leis invariantes, ao lado de outras relativas. Algumas propriedades físicas, como carga elétrica e entropia são absolutas. Posição, força e intensidade de campos são relativas.

Cada verdade é relativa a um indivíduo, grupo social ou período

histórico? Não. Bunge, em seu Dicionário de Filosofia, diz-nos: “A simples existência de publicações e encontros científicos e tecnológicos internacionais, com seus subjacentes padrões internacionais de teste para comprovar a verdade, é uma tácita refutação do relativismo antropológico, segundo o qual todas as culturas são equivalentes de modo que não existe essa coisa denominada desenvolvimento social e, por conseqüência, não há justificação objetiva para reformas sociais”.

Compare o relativismo ético com a doutrina moral de Kant

As posições relativistas defendem a impossibilidade ou mesmo a não necessidade da educação moral. Baseiam-se num argumento simples: avaliar e julgar depende dos critérios de cada um. Kant acha que a moral não deve ser construída através dos exemplos, da tradição, da disciplina, mas de acordo com as máximas, os princípios. Daí a sua célebre frase: “Age de tal forma que a tua ação possa ser considerada uma lei natural”. A sua ética é autônoma e não heterônoma. Quer dizer, o indivíduo deve agir e ser responsável pelos seus atos, mas só poderá sê-lo se proceder segundo os princípios e não segundo uma norma externa.

Pode-se conceber um relativismo espírita?

O relativismo, em que cada pessoa, cada povo faz a sua moral, não é concebível. O Espiritismo, tal qual foi codificado por Allan Kardec, baseia-se em princípios universais.

Onde encontrar informações mais detalhadas sobre esses princípios

universais? Em toda a codificação, há alusão a esses princípios. A pergunta 621, de O Livro dos Espíritos, nos dá uma boa dimensão desta afirmação. Pergunta: Onde está escrita a lei de Deus? Resposta: Na Consciência. Isto quer dizer que todos os Espíritos foram criados simples e ignorantes, mas com a possibilidade de se tornarem perfeitos, porque há em cada um deles a potência universal da perfeição.

Pergunta 621 A: Desde que o homem traz na consciência a lei de Deus,

que necessidade tem de que lhe revelem? Resposta: Ele a havia esquecido e desprezado: Deus quis que ela lhe fosse lembrada. Por isso, o envio dos profetas. Estes são Espíritos superiores, encarnados com o fim de fazer progredir a Humanidade.

Qual a razão de a Doutrina Espírita ter caráter universal?

Para que não houvesse erros de interpretação. Se cada um pudesse interpretá-la ao seu modo, então tudo seria verdadeiro ou tudo seria falso. Não teríamos um norte. O Espiritismo nos dá essa divisa, divisa esta centrada na figura de Jesus Cristo, o mais perfeito dos homens encarnados neste Planeta de provas e expiações.

Referência Bibliográfica

BOUDON, Raymond. O Relativismo. Traduçao de Edson Bini. São Paulo: Loyola, 2010.

BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995.

Fonte

Aprofundamento Doutrinário
Autor: Sérgio Biagi Gregório

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