Prece

Publicado em 1 de Fevereiro de 2019 ‐ 6 min de leitura

Espiritualmente, é a prece uma súplica, feita com fé e sinceridade, que leva o ser humano a aproximar-se de Deus.

É uma invocação e, em certos casos, uma evocação, pela qual chamamos a nós tal ou tal Espírito. Quando é dirigida a Deus, Ele nos envia seus mensageiros, os Bom Espíritos. A prece não pode revogar os decretos da Providência; mas por ela os Bons Espíritos podem vir em nosso auxílio, quer para dar-nos a força moral que nos falta, quer para sugerir-nos os pensamentos necessários: daí vem o alívio que experimentamos quando oramos com fervor.

Daí vem também o alívio que experimentam os Espíritos sofredores quando oramos por eles; eles mesmo pedem essas preces sob a forma que lhes é familiar e que está mais em relação com as idéias que conservaram de sua existência corporal. A razão, em conformidade com o que dizem os próprios Espíritos, diz-nos que a prece de lábios é uma fórmula vã quando dela o coração não toma parte.

As condições da prece

Encontram-se nos Livros de Mateus, VI, 5 a 8, Marcos, XI, 25, 26, e Lucas, XVIII, 9 a 14, as condições em que a prece deve ser realizada. Ensina O Evangelho Segundo o Espiritismo o que definiu Jesus: “Quando orar, não se colocar em evidência, mas orar em segredo. Não fingir orar em demasia, porque não é pelas muitas palavras que virá o atendimento, mas pela sinceridade do coração. Antes de orar, se tiver algo contra outrem, perdoá-lo, porque a prece não pode ser agradável a Deus, se não partir de um coração caridoso. Orar, enfim, com humildade e não com orgulho. Examinar os próprios defeitos e não fazer sobressair as qualidades apenas. E, ao comparar-se a outros,, procurar o que existe de mau em si próprio”. A prece não se coaduna com orgulho, vaidade e hipocrisia.

Ao que se propõe a prece

A prece é uma invocação pensada e sentida. Ela se propõe a que cada ser humano possa, por esforço próprio, louvar, pedir ou agradecer. É através da prece que nos colocamos em relação mental com o ser a que nos dirigimos. “Podemos orar por nós mesmos ou pelos outros, vivos ou mortos”.

Direção da prece

É por intermédio do pensamento que direcionamos nossas preces. Quando dirigida a Deus, ensina o Evangelho, “são ouvidas pelos Espíritos encarregados da execução dos seus desígnios; as que são dirigidas aos Bons Espíritos vão também para Deus. Quando oramos para outros seres, e não para Deus, aqueles nos servem apenas de intermediários, de intercessores, porque nada pode ser feito sem a vontade de Deus.

Como deve ser a prece

Sabendo-se que, embora tendo dito Jesus: “O que pedirdes pela prece vos será dado”, não se pode acusar a Providência Divina pelo não atendimento de todos os nossos pedidos. Devemos ter em mente os ensinamentos de Emmanuel, de que “a prece deve ser cultivada, não para que sejam revogadas as disposições da Lei Divina, mas a fim de que a coragem e a paciência inundem o coração de fortaleza nas lutas ásperas, porém necessárias. A alma, em se voltando para Deus, não deve ter em mente senão a humildade sincera na aceitação de sua vontade”. Assim, a prece deve ser:

  • curta, humilde e fervorosa, muito mais um transporte do nosso coração, através do pensamento, do que uma fórmula decorada; e

  • de preferência, improvisada; assim, a preocupação do que estamos dizendo mais depressa prende a nossa atenção e favorece o nosso desprendimento.

A prece que ocupa o primeiro lugar

É o “Pai Nosso”, porque foi ensinada pelo próprio Jesus Cristo, resumindo “todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo”. É obra-prima de concisão.

Prece e oração

Têm o mesmo significado: súplica direcionada pela fé. Porém, a prece é silenciosa, transmitindo-se apenas pelo pensamento. Já no que diz respeito à oração (falar), verifica-se que requer a palavra; é uma prece sonora, uma prece com palavras. A prece pode ser feita com o pensamento e será ouvida e sentida apenas pelos Espíritos desencarnados, enquanto a oração, pelo uso da palavra, do som, é captada por aqueles (mais sensíveis) e também pelos encarnados (todos nós, nem sempre capazes de captarmos a linguagem do pensamento).

A prece preferível

“A prece do coração é preferível à que podes ler, por mais bela que seja, se a leres mais com os lábios do que com o pensamento” (Liv. Esp., Q. 658).

Perguntas Relacionadas

O que é a prece?

A prece é um ato de adoração ao Criador.

Como se deve orar?

Não é preciso ficar de joelho, sentado ou de pé. A postura física é o que menos conta.

Por que devemos orar?

Porque a prece é um lenitivo para as nossas preocupações.

Onde se deve orar?

Em qualquer lugar. Observe que a citação bíblica que prescreve entrar no quarto, fechar a porta e perdoar os inimigos, pode ser entendida como entrar no quarto “íntimo”. E no quarto íntimo, podemos entrar estando em qualquer lugar: no ônibus, no metrô, na praia etc.

Quando devemos orar?

Também não há prescrição, contudo O Evangelho Segundo o Espiritismo orienta-nos a orar pela manhã e à noite.

A crença em algo superior é apenas dos tempos presentes?

Como a adoração é uma lei natural, essa crença sempre esteve presente em todos os tempos e lugares.

O se entende por ação?

É a disposição para realizar algo. Está atrelada ao pensamento.

O que nos diz o Espírito André Luiz sobre o fluxo mental?

Emitindo um pensamento, entramos em contato com todos os pensamentos que se lhes assemelham. Nesse caso, evitemos a queixa, as críticas e os julgamentos precipitados.

Qual a relação entre prece e lei de causa e efeito?

A questão 663 de O Livro dos Espíritos nos oferece uma luz. As preces que fazemos por nós mesmos podem modificar a natureza das nossas provas e desviar-lhes o curso? Não. Mas Deus leva em conta a nossa resignação. A prece tem o condão de atrair os bons Espíritos, que poderão nos dar força para suportá-las com coragem.

Dê-nos um exemplo sobre a eficácia da prece.

No capítulo XXVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, há alusão a um homem caído no deserto. Com muita sede, roga ao Alto. Um bom Espírito lhe sugere seguir uma determinada vereda. Chega a uma elevação e descobre um riacho. Se tem fé, agradecerá a inspiração dos bons Espíritos. Se não tem fé, dirá: “Que pensamento bom eu tive!”.

Fonte

Aprofundamento Doutrinário
Autor: Sérgio Biagi Gregório

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Fontes

Artigo: CE Ismael | Prece
Definição: O Consolador - Vocabulário Perguntas: Aprofundamento Doutrinário