Paixão

Publicado em 1 de Fevereiro de 2019 ‐ 4 min de leitura

Paixão - Do grego pathos, sofrer, suportar. Significa o estado “passivo” do ser humano, contraposto aos fenômenos da atividade. Segundo Aristóteles, designa o fato de sofrer a ação de um agente exterior.

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Qual a natureza da paixão?

É um fenômeno psicológico complexo, onde a sua caracterização é feita por comparação com a inclinação e o sentimento. A inclinação é primitiva e inata, permanente, mais ou menos vaga e geral; o sentimento é também natural. A paixão é um sentimento, mas que se tornou tirânico, egoísta e centrado num único objeto de desejo, deixando o seu possuidor indiferente a tudo que o rodeia.

Como podem ser classificadas as paixões?

As paixões podem ser classificadas em inferiores e superiores. As paixões inferiores ou sensíveis são aquelas, por exemplo, ligadas ao comer, ao beber e ao apetite sexual. As superiores ou racionais são aquelas ligadas ao intelecto, tais como, paixão da busca do verdadeiro, paixão pelo saber, paixão pela justiça, paixão pelo bem do próximo.

Qual a origem das paixões?

A sua base é biológica, mas não podemos reduzi-la a uma mecânica fisiológica, pois entram em cena os aspectos psicológicos (temperamento, vontade e imaginação, incluindo a exploração do inconsciente) e sociais (educação recebida, os exemplos, os costumes e o meio frequentado), que ajudam a desenvolver as predisposições hereditárias.

Qual o efeito das paixões?

As paixões afetam o homem como um todo (orgânico e psicológico). É no psiquismo, contudo, que a influência é mais larga, pois transforma o apaixonado numa espécie de “possesso”, a ponto de dizer: “Viver uma paixão é demais”, “É coisa de louco”. Lembremo-nos da “cristalização progressiva” e do “desencadeamento fulminante”.

O que é emotividade? O que ela engloba?

A emotividade é a reação excessiva diante de um acontecimento. A emotividade compreende o sentimento, a emoção e a paixão. No sentimento, nossas reações permanecem organizadas; na emoção, há descontrole; na paixão, exalta-se fortemente um sentimento a expensas de outros.

Como distinguir a emoção da paixão?

A emoção é um estado da mesma natureza que o sentimento, porém de maior complexidade, pois é excitada por um complexo ideológico. A paixão, por seu lado, é a reação às emoções, produzidas por causas externas e internas. Inicialmente passiva, torna-se ativa quando espontaneamente a eles adere e passa a cooperar com eles.

Deve-se condenar a paixão?

Não. A condenação da paixão, nítida em Kant e em outros filósofos, é de origem cristã, pois os moralistas gregos da antiguidade querem mais avaliar os seus efeitos do que suprimi-los.

O que você tem a dizer sobre a Paixão de Cristo?

É a narração desde a agonia de Jesus no Getsêmani até à sepultura. É o evento central da história da Salvação e a consumação dos atos salvíficos de Deus. é a conspiração dos sacerdotes, a traição de Judas, a ceia, o processo diante dos sacerdotes e de Pilatos, a crucificação e a sepultura etc. Em seu relato, o apóstolo Marcos quis salientar a eficácia da morte de Jesus, no sentido de libertar o homem do pecado. Na realidade, a Paixão é um escândalo para os Judeus que esperavam um messias glorioso.

O princípio das paixões sendo natural, é mau em si mesmo? (P.907 de O Livros dos Espíritos)

Não. A paixão está no excesso provocado pela vontade, pois o princípio foi dado ao homem para o bem e as paixões podem conduzi-lo a grandes coisas. O abuso a que ele se entrega é que causa o mal.

Como definir o limite em que as paixões deixam de ser boas ou más?

(P.908 de O Livros dos Espíritos)

Uma paixão se torna perniciosa justamente no momento em ela deixa de ser governada e passa a nos governar. A paixão está no exagero da emoção ou do sentimento. Ela se apresenta como efeito e não como causa.

O homem poderia sempre vencer as suas más tendências pelos seus próprios esforços? (P.909 de O Livros dos Espíritos)

Sim, e às vezes com pouco esforço; o que lhe falta é a vontade.

Qual o meio mais eficaz de se combater a predominância da natureza corpórea? (P.912 de O Livros dos Espíritos)

Abnegar-se.

Fonte

Aprofundamento Doutrinário
Autor: Sérgio Biagi Gregório

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