Mito

Publicado em 11 de Janeiro de 2019 ‐ 5 min de leitura

O mito é uma narrativa que procura explicar os principais acontecimentos da vida, os fenômenos naturais, as origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semi-deuses e heróis. O “mito” é todo relato sério que está em conflito com nossos conhecimentos acerca dos processos naturais.

Como nascem os mitos?

Os mitos nascem pelo medo ao desconhecido. O ser humano, não sabendo explicar a origem da vida e do mundo, cria o mito. Este lhe dá tranqüilidade à desordem interna.

Como podem ser divididos os mitos?

Os mitos podem ser divididos em “mitos com Criação” e “mitos sem Criação”. Nos “mitos com Criação”, admite-se o surgimento do Universo num tempo zero (Deus revelado do Cristianismo). Nos “mitos sem Criação”, não se admite um tempo zero (Universo pulsante do hinduísmo).

O que evoca o sentido figurado do mito?

Evoca a narração fabulosa e fictícia, contrária à verdade. Equivale a engano, falsidade. Exemplo: o mito marxista da vitória dos oprimidos, o mito do super-homem com a sua vitória sobre o espaço e o tempo, o mito da raça pura etc.

Qual é a fronteira entre o mito e o logos?

A fronteira entre o mytho e o logos não é percebida com facilidade. Observe a astrologia e as demais pseudociências do universo: vindas para desmoronar o sacrifício das religiões oficiais, terminam criando o cosmo como um grande Anthropos, um homem cuja inteligência reside no movimento eterno e harmônico das esferas celestes, cujos olhos correspondem ao Sol e à Lua e a cujos pés jaz a matéria, num jogo sutil de correspondências regido por um único tema que varia até o infinito.

O que falar do mito-logos do cristianismo?

O mytho/logos do cristianismo primitivo apresenta uma novidade: o logos se divinizou e ao mesmo tempo se personalizou a ponto de coincidir com a própria pessoa do fundador.

Quais são os sentidos que o termo carrega?

Ao longo do tempo, o mito foi carregando outros sentidos, entre os quais, citamos:

Sociologicamente, é a narrativa imaginária de origem popular: “os mitos cosmogônicos”;

Historicamente, é a exposição de uma doutrina sob a forma de narrativa alegórica: “os mitos platônicos”.

Vulgarmente, é a dramatização das grandes aspirações frustradas do grupo: “mito da greve geral”.

O que é um rito? E ritual? Há diferença entre rito e ritual?

O rito é um conjunto de atividades organizadas e institucionalizadas, no qual as pessoas se expressam por meio de gestos, símbolos, linguagem e comportamento, transmitindo um sentido coerente ao ritual.

Ritual – conjunto de práticas consagradas pelo uso e/ou normas, e que devem ser observadas de forma invariável em ocasiões determinadas.

Há grande diferença entre rito e ritual. O rito é associado ao mito, enquanto ritual diz respeito a quase tudo que fazemos. Nesse caso, o médico procede a um ritual para fazer a sua operação. Numa Casa Espírita, há um ritual do preparo de ambiente, da prece, das vibrações etc.

Pode o mito viver sem o rito?

Não. O mito primordial e genuíno é inimaginável sem o rito, ou seja, sem um solene proceder e um atuar solene que elevam o ser humano a uma esfera superior. O rito não é uma mera imagem do acontecer mítico, mas sim este mesmo acontecer, no sentido pleno do termo.

Como se explica o sentido próprio e o sentido figurado do mito?

Em sentido próprio, o mito significa uma fábula arquitetada pela fantasia humana para personificar entidades do espírito ou da natureza. Exemplo: Zeus é Deus na mitologia grega. Em sentido figurado, o mito é a atribuição de um valor absoluto a uma entidade relativa. Exemplo: modernamente, somos impelidos a enriquecer e ter posição de destaque; caso não o consigamos, somos desprezados pelos que o conseguiram.

Como a psicologia profunda interpreta os mitos?

A psicologia profunda afirma que, ao analisar os sonhos e os estados oníricos similares de pessoas psiquicamente perturbadas ou enfermas, tem-se deparado com autênticas imagens míticas, capazes, de explicar a essência do mito. Essas imagens – arquétipos ou imagens primordiais – ficaram guardadas no inconsciente, prontas a ressuscitar tão logo a alma precise delas. (1)

Por que admiramos a filosofia, a religião, a ciência e a arte grega e

desprezamos os seus mitos? Na filosofia, na ciência, na religião e na arte há razões de procedimento; no mito, não. Há, também, a influência das religiões reveladas, que admitem um único Deus. Estas se assenhorearam da verdade; os outros modos de vivenciar o divino ficaram em segundo plano. (1)

Qual a principal falha na interpretação do mito?

É a nossa incapacidade de penetrar na vivência dos antigos, principalmente na sua forma de adorar a Deus. A postura – gestos, símbolos, linguagem e comportamento – tem um valor intrínseco que o homem moderno não consegue captar com a devida clareza. (1)

Quais são os mitos da modernidade?

Há inúmeros mitos, entre os quais, citamos: o mito da mãe-mártir, do bom velhinho, da esposa perfeita, da mulher boazinha (“minha mulher é uma santa”), da juventude como uma glória e da obtenção do êxito.

Há mitos no Espiritismo?

Não. Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, utilizou o método teórico-experimental para as suas análises e conclusões.

Há rituais dentro dos Centros Espíritas?

Sim. Há os rituais aceitáveis e os que não contribuem muito para a eficácia das sessões espíritas. Os rituais aceitáveis são: preparo de ambiente, prece, vibrações etc. Há, porém, alguns que não precisariam ser praticados: uso de túnica branca para os dirigentes, a abstinência de carnes nos dias de trabalho, a realização de casamentos, batizados e crismas “espíritas”, os hinos cantados no começo de uma reunião, a obrigação de receber passes à entrada do recinto etc.

Bibliografia

(1) OTTO, Walter E. Teofania: O Espírito da Religião dos Gregos Antigos. Tradução de Ordep Trindade Serra. São Paulo: Odysseus, 2006.

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deste tema.

Fonte

Aprofundamento Doutrinário
Autor: Sérgio Biagi Gregório

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