Meditação

O que significa meditação? Quais são os seus vários sentidos? Que relação há entre ciência e meditação? E a meditação transcendental?

Publicado em 11 de Janeiro de 2019 ‐ 8 min de leitura

Meditar é buscar um estado de dissociação da consciência para atingir níveis mais altos de autoconhecimento.

A palavra meditação remete-nos a uma variedade de significados: refletir sobre um pensamento, discernimento crítico do que se leu, buscar novas fontes de inspiração, exercício para sair da distração e atingir um estado de concentração e alteração das nossas ondas cerebrais.

Neste estudo, tratemos da meditação como uma espécie de autodesenvolvimento.

Autodesenvolvimento deve ser entendido como capacidade de ampliação de nossa consciência.

Na meditação, a mente ocupa-se habitualmente com uma simples tarefa contínua, como repetir na mente uma palavra ou visualizar (ou olhar) um objeto.

A palavra usada para a meditação é chamada de mantra.

A meditação pode ser feita em grupo ou sozinha, de preferência num aposento silencioso reservado a esse fim.

O que a meditação não é

Não é fé religiosa, não é prece, pois não existe pedido.

Não é transe ou hipnose, pois o meditador não perde a consciência.

Não é como o pensamento comum: o objetivo da meditação é pôr fim a esses processos mentais e racionais que escondem a unidade básica buscada pelo meditador.

Ela, porém, é encontrada na maioria das religiões: no cristianismo, busca-se a união com Cristo; no islamismo, com Alá; no hinduísmo, com o Atman (o Eu).

Hassidismo e sufismo

O sufismo enfatiza o canto e a dança repetitivos (os “deviches rodopiantes” são uma seita sufista), e assim também dançam os hassids, uma seita judia.

O canto e a dança têm valor relativo. Leva-se em conta muito mais a intenção do meditador do que os gestos e as posturas religiosas. A intensidade e a energia colocadas nos gestos é o que conta.

Zen

“Zen” deriva-se de Ch’an, que por sua vez vem da palavra em sânscrito dhyana, que significa meditação. Na prática da meditação, o meditador é convidado a concentrar a mente num dos paradoxos do Zen, chamados koan. Koan é um pensamento não racional. Exemplo: “dois é diferente de um, mas não é maior do que um”, “que ruído produz o silêncio?”

No zen, a postura correta é muito acentuada. O meditador senta-se no chão em cima de uma almofada, as pernas cruzadas, de preferência na posição do lótus (pé direito na coxa esquerda, pé esquerdo na coxa direita), as costas eretas, as mãos superpostas no colo (normalmente as pontas dos polegares tocando-se, os olhos abertos e semicerrados).

MEDITAÇÃO TRANSCENDENTAL (TM)

Origens

A propagação da meditação transcendental (TM), no Ocidente, deu-se após os Beatles e outras personalidades artísticas visitarem o Maharishi Mahesh Yogi, na Índia, para aprender meditação. Ela é muito fácil de aprender e ensinar, pois não exige nenhum tipo de iniciação.

Popularidade da tm

São vários os fatores que favoreceram a popularidade da TM. Adapta-se à necessidade dos meditadores; muitos estudantes usam-na para se tornarem melhores alunos; outros para se tornarem mais adequados em sua vida social. Com essa prática, as pessoas ficam menos tensas, sentem-se mais dispostos e com melhor capacidade de concentração.

Funcionamento

A meditação transcendental funciona mediante um mantra escolhido pelo professor, que se adéqua a um determinado aluno. O mantra é uma palavra significativa, com qualidades sonoras especiais, que ajudam o meditador conseguir a autotranscendência. O mantra é repetido mentalmente durante dois períodos de aproximadamente vinte minutos cada, um de manhã e outro à tarde, o meditador sentado em posição confortável, os olhos fechados.

CIÊNCIA E MEDITAÇÃO

Eeg

Os cientistas fazem uso do eletroencefalograma para detectar os níveis de alteração cerebral durante a meditação. Isso se deve à descoberta de que a meditação pode ocasionar não apenas estados alterados de consciência, mas também mudanças fisiológicas. Nesses testes, observou-se que durante a meditação há um aumento das ondas cerebrais alfa. Essa é uma onda meio lenta, que, às vezes, ocorre quando a pessoa fecha os olhos e fica relaxada, mas ainda atenta e alerta.

Pesquisas científicas

Keith Wallace e Herbert Benson, na Universidade de Harvard, descobriram que a meditação resulta num relaxamento mais profundo que o sono. Há quedas acentuadas no uso do oxigênio pelo corpo e no ritmo cardíaco e da respiração. Há um aumento da resistência elétrica da pele e uma diminuição do ácido lático no sangue, o que mostra menor excitação e ansiedade.

“Joseph Kamiya, do Instituto de Neuropsiquiatria Langly Porter, em São Francisco, Califórnia, que descobriu a relação entre alfa e meditação, constatou que as pessoas podem realmente controlar suas ondas cerebrais, e com isso seus estados mentais. O método envolve um aparelho EEG conectado a um sinal, semelhante a uma cigarra, que toca quando a alfa está presente. Pede-se à pessoa em teste que mantenha o zumbido da cigarra o máximo que puder. Esse procedimento chama-se biofeedback (é hoje também usado com fins médicos, para permitir às pessoas reduzirem sua pressão sanguínea e outras funções geralmente fora do controle voluntário)”.

Drogas

Em virtude do relaxamento, há mudança do estado mental e fisiológico. Isso possibilitou a prática da meditação como uma alternativa para a diminuição do uso das drogas. As sensações da meditação assemelham-se às sensações causadas pelas drogas. Substituindo o uso das drogas pela meditação há mais segurança e sem quaisquer efeitos colaterais indesejáveis.

Conclusão

A meditação é sumamente útil para apaziguar a nossa mente, muitas vezes carregada pelos apelos da mídia e carcomida pelo estresse da vida moderna.

Bibliografia consultada

  • CAVENDISH, Ricardo (org.). Enciclopédia do Sobrenatural. Tradução de Alda Porto e Marcos Santarrita. Porto Alegre: L&PM, 1993.

Fonte

CEIsmael | Meditação Autor: Sérgio Biagi Gregório São Paulo, agosto de 2013

Perguntas Relacionadas

O que se entende por meditação?

Esta palavra tem muitos significados, mas trata-se sempre de uma prática, de um exercício pelo qual o ser humano é removido da distração para a concentração em sua profundeza, em sua origem.

Que relação existe entre atenção, concentração, reflexão e meditação?

Na atenção devemos estar passivos; na concentração e reflexão, ativos. A meditação, por sua vez, é um estado de alma de completo percebimento de nós mesmos. Ultrapassa a reflexão, pois enquanto aquela é uma volta sobre si mesmo, esta vai em busca dos aspectos mais gerais do ser.

Como distinguir entre reflexão e meditação?

A reflexão diz respeito às causas, às circunstâncias e aos efeitos de um determinado fato. Exemplo: queda de Napoleão I. A meditação procura mostrar uma lição do fato: no caso, que a ambição desordenada, a sede doentia das conquistas conduzem ao desastre. A reflexão fixa-se sobre um tema; a meditação amplia-o, englobando, inclusive, questões morais. (1)

A meditação pode conduzir-nos ao êxtase?

Sim. O êxtase é um prolongamento da meditação profunda. Nesse estado, nossa mente, inteiramente desprendida dos interesses materiais, vê-se numa dimensão desconhecida, porém real, em que se comunica com as essências mais puras do conhecimento. Ainda assim, é preciso muito cuidado, pois a fascinação pode ofuscar o brilho da contemplação, emergindo, em contrapartida, os preconceitos que nos dominam.

Como o homem chega à Sapiência?

Para Hugo de São Vitor, a Sapiência é conquistada através de 5 etapas bem definidas: 1.ª) Leitura; 2.ª) Meditação; 3.ª) Oração; 4.ª) Prática; 5.ª) Contemplação. A leitura serve para buscar os conhecimentos, os motivos, os estímulos para a reflexão; a meditação é um discernimento crítico do que se leu; a oração serve para nos fortalecermos em Deus para o agir; a prática é o exercitar-se no bem; por último, a contemplação é a etapa de realimentação para o bem agir.

Quais são os graus da ascensão mística?

Os graus da ascensão mística são geralmente três: pensamento (cogitatio), que tem por objeto as imagens provenientes do exterior e destina-se a considerar as marcas de Deus nas coisas; a meditação (meditatio) que é o recolhimento da alma em si mesma e que tem por objeto a imagem de Deus; e a contemplação (contemplatio), que visa a Deus mesmo. Esses graus estão ilustrados e subdivididos de vários modos pelos místicos, que habitualmente dividem um desses graus em outros dois, enumerando assim, no êxtase, sete graus de ascensão. (2)

Há alguma técnica de meditação?

De acordo com Krishnamurti, a meditação é um estado de percebimento interior que não comporta técnica. À medida que usamos este ou aquele método, mecanizamos nossa mente e nos tornamos incapazes de descobrir a verdade. Nesse sentido, devemos ter cuidado de não transformarmos nossas confusões, num método. Pois, uma vez estabelecida a teoria, o conhecimento que se exercita, tem o caráter “verdadeiro”, porém, em realidade, “falso”.

Pode-se dizer que a meditação é um esvaziamento de nossa mente?

Sim. Estamos constantemente remoendo o passado, ou, temendo o futuro. Presos às superstições, dogmas e rituais, temos dificuldade de conceber o novo, ou seja, somos facilmente sugestionados pelo que ouvimos, lemos ou experimentamos. Libertar a mente de todos esses condicionamentos é ponto central da meditação autêntica.

Como analisar o “Otium cum dignitate”?

Segundo Cícero, o “otium” era o prêmio ao trabalho, principalmente depois de o indivíduo retirar-se da vida pública. A frase acima deve ser traduzida como “lazer com dignidade” e não “ócio com dignidade”. Nesse caso, o descanso pela obra realizada pode muito bem ser interpretado como uma meditação profunda sobre a vida e os prazeres do espírito.

Qual a utilidade (no Espiritismo) da prática da meditação?

A mediunidade nada mais é do que nos colocarmos em sintonia com os Espíritos. Quanto mais estivermos desapegados da matéria e cônscios de nós mesmos, mais aptos estaremos para receber as boas inspirações dos Espíritos de luz.

Bibliografia

(1) LALANDE, A. Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia. Tradução por Fátima Sá Correia et al. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

(2) ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

Fonte

Aprofundamento Doutrinário
Autor: Sérgio Biagi Gregório

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