Evangelho

Publicado em 1 de Fevereiro de 2019 ‐ 9 min de leitura

  • Conjunto de princípios, preceitos e dogmas que regula uma doutrina ou seita, considerado verdadeiro e irretocável por aqueles que o defendem e seguem; dogma.
  • A doutrina cristã, a palavra de Jesus Cristo
  • Cada um dos quatro principais livros do Novo Testamento, escritos pelos apóstolos Mateus, Marcos, Lucas e João, onde estão narradas a vida e a doutrina de Jesus Cristo.

Os Evangelhos

A Mensagem Cristã encontra-se distribuída nos quatro evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), nas Epístolas apostólicas, nos Actos dos Apóstolos e no Apocalipse de João.

Uma análise crítica dos Evangelhos e das Cartas Apostólicas, leva-nos, naturalmente, ao encontro de algumas passagens pouco aceitáveis, ilógicas ou até mesmo absurdas: “A tentação no deserto”, “A expulsão dos vendilhões do templo” e muitos pensamentos colocados na boca de Jesus, não resistem a uma análise racional por se encontrarem em evidente contradição com os mais elementares princípios da lógica, da justiça e da caridade.

Estes desencontros evangélicos em nada desmerecem a obra, que é, segundo Kardec, “código universal da moral”, mas despertam a nossa atenção para alguns detalhes vinculados a ela:

Adulterações Involuntárias

Jesus nada escreveu. Acredita-se que as primeiras anotações tenham surgido muito tempo depois da sua morte. Marcos, Lucas e Paulo não chegaram a conhecer o Messias e, portanto, colheram e reuniram informações de outras fontes. Todos essas evidências levam-nos a acreditar que determinadas colocações apresentadas nos Evangelhos não correspondem à realidade absoluta dos factos. Certamente, ocorreram adulterações involuntárias.

Os Enxertos dos Evangelistas

Analisando com atenção os evangelhos, notamos, que uma preocupação básica ocupava a mente dos evangelistas: provar que Jesus era de facto o Messias aguardado pelos judeus. Para que a Mensagem cristã viesse a vingar na Palestina, esta ideia deveria prevalecer. Acredita-se então, que algumas passagens da Boa Nova não ocorreram realmente, mas foram acrescentadas às anotações com esse mesmo objectivo. “O nascimento de Jesus em Belém”, “a hipotética viagem ao Egipto”, a “Tentação no deserto” e muitas outras passagens teriam sido enxertadas para provar a tese de que Jesus era o Salvador dos Judeus, o Enviado de Jeová.

Adulterações da Igreja

Muitas anotações verificadas nos textos bíblicos de hoje não são identificadas nas versões originais, mostrando que foram acrescentadas posteriormente. Para justificar certos dogmas, alguns sacramentos e determinadas práticas religiosas, certos representantes da Igreja, ainda nos primeiros séculos da era Cristã, acrescentaram aos textos originais ideias, princípios e passagens que na realidade não ocorreram.

Perguntas Relacionadas

Qual o conceito de Evangelho?

Evangelho – Do grego Euangelion (eu = boa e angelion = notícia) que significa boa notícia. Para os gregos mais antigos, ela indicava a “gorjeta” que era dada a quem trazia uma boa notícia. Mais tarde passou a significar uma “boa-nova”, segundo a exata etimologia do termo. (Battaglia, 1984)

Qual o contexto histórico do Evangelho?

Politicamente, havia o domínio do Império romano; religiosamente, o Judaísmo.

Embora o cristianismo seja uma religião revelada, diferente da judaica, apareceu historicamente como continuação e aperfeiçoamento da revelação dada por Deus ao povo de Israel. Jesus era um judeu, que nasceu e viveu na Palestina. Os apóstolos eram todos da sua gente e da sua religião. É dentro desse quadro que nasce o Evangelho. (Battaglia, 1984)

Enumere os tipos de Evangelho. O que significa cada um deles?

O Evangelho de Jesus – No Velho Testamento há o anúncio do Messias,

o Salvador. Jesus, quando encarnado, é não só o conteúdo do anúncio, mas também o arauto.

O Evangelho dos Apóstolos – após a ascensão de Jesus, é a pregação

oral dos ensinamentos do Cristo, feito pelos apóstolos.

Os Quatro Evangelhos – Evangelho, no singular, é a boa-nova trazida

pelo Cristo. Evangelhos referem-se ao: “Evangelho Segundo Lucas”, “Evangelho Segundo Mateus”, “Evangelho Segundo Marcos” e “Evangelho Segundo João”.

O Quinto Evangelho – Os Atos dos Apóstolos e as Cartas Apostólicas,

dispostos cronologicamente, formariam um quinto evangelho.

Evangelhos Apócrifos – Muitas informações acerca de Jesus estão

arroladas nos evangelhos apócrifos (escondidos) e nas ágrafas (ensino oral). (Battaglia, 1984)

Em que se fundamentam os dizeres do Evangelho?

Fundamentam-se no ensinamento religioso revelado, como livros inspirados, que contêm a verdadeira história e o verdadeiro ensinamento de Jesus. Os Evangelhos são o ponto de chegada da salvação e ponto de partida rumo à perfeição definitiva por eles anunciada. Observe que a Reforma Protestante do século XVI não tocou na doutrina da divina inspiração da Bíblia, que pelo contrário foi formulada de maneira ainda mais rígida.

Que são os Evangelhos sinóticos? Por que Santo Agostinho usou a frase

“concordância discorde”? Sinótico. Do grego synóptikos “percebido com uma só olhada”. São os Evangelhos Segundo Marcos, Mateus e Lucas. Os três seguem uma mesma linha de raciocínio. Contudo, há diversidade entre eles. Cada evangelista tem um material próprio não transmitido por outros. Mateus tem cerca de 330 versículos exclusivamente seus; Marcos, 30; Lucas, 548. Algumas vezes não seguem a mesma ordem na disposição cronológica dos fatos.

Sobre essas discrepâncias, Santo Agostinho fala de “concordância discorde” e atribuía a causa à influência recíproca, à personalidade própria de cada escritor, e à orientação da inspiração de Deus. (Battaglia, 1984)

Pode-se interpretar o Evangelho como sendo Dynamis e Enérgeia

divina? Sim. Dynamis e enérgeia, além de pneuma e logos são termos da terminologia científica que passaram rapidamente ao âmbito religioso, exprimindo as forças e as virtudes sobrenaturais, das quais se consideravam invadidas por elementos do universo.

Paulo considerou então o Evangelho como uma potência (dynamis), como uma força-energia (enérgeia), como uma palavra dotada do Espírito divino (pneuma). Exemplo: escrevendo aos romanos, ele afirma: “Não me envergonho do Evangelho: este é a potência de Deus (dynamis) para a salvação de quem crê” (Rm 1,16). Em Tessalonicense, 1,4; 2,13, há o uso dos outros termos.

Quais são as 5 partes contidas nos Evangelhos? Por que Allan Kardec

escolheu apenas os ensinamentos morais? Allan Kardec na Introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo diz que as matérias contidas nos Evangelhos podem ser divididas em cinco partes: os atos comuns da vida de Cristo, os milagres, as profecias, as palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja e o ensinamento moral. Se as quatro primeiras partes foram objeto de controvérsia, a última manteve-se inatacável. Este é o terreno onde todas as crenças podem se reencontrar, porque não é motivo de disputas, mas sim regras de conduta abrangendo todas as circunstâncias da vida, pública e privada. (Kardec, 1984)

Perguntas Relacionadas

Qual a etimologia da palavra Evangelho?

Evangelho – Do grego Euangelion (eu = boa e angelion = notícia) que significa boa notícia. Para os gregos mais antigos, ela indicava a “gorjeta” que era dada a quem trazia uma boa notícia. Mais tarde passou a significar uma “boa-nova”, segundo a exata etimologia do termo.

Há diferença entre Evangelho e Evangelização?

Uma só palavra grega (eu aggélion) é traduzida já por evangelho, já por evangelização, segundo o contexto e segundo dos tradutores. Assim, por exemplo, quando São Paulo escreve: “Antes, pelo contrário, tendo visto que me tenha sido confiado o Evangelho para os não circuncidados, como a Pedro para os circuncidados” (Gál, 2,7), traduziríamos com mais precisão por “evangelização”, em vez de Evangelho.

O que é O Evangelho Segundo o Espiritismo?

O Evangelho Segundo o Espiritismo é o terceiro livro codificado por Allan Kardec. Contém a explicação das máximas morais do Cristo, sua concordância com o Espiritismo e sua aplicação às diversas posições da vida. Em sua primeira página, há uma frase proverbial: “Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade”.

Que lições podemos tirar do prefácio?

A instrução ali contida, transmitida por via mediúnica, resume o caráter e o objetivo do Espiritismo. Há quatro pontos:

a) Os Espíritos do Senhor, semelhantes às estrelas cadentes, vêm iluminar o caminho e abrir os olhos aos cegos;

b) Os tempos são chegados e todas as coisas devem ser restabelecidas em seu sentido verdadeiro para dissipar trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos;

c) As vozes do céu conclamam os seres humanos ao concerto divino, no sentido de estender esse hino sagrado de um canto ao outro do planeta;

d) Por fim, pedem para que nos amemos uns aos outros, fazendo a vontade do Pai que está nos céu.

Quais são as 5 partes contidas nos Evangelhos? Por que Allan Kardec

escolheu apenas os ensinamentos morais? Allan Kardec, na Introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo, diz que as matérias contidas nos Evangelhos podem ser divididas em cinco partes: os atos comuns da vida de Cristo, os milagres, as profecias, as palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja e o ensinamento moral. Se as quatro primeiras partes foram objeto de controvérsia, a última manteve-se inatacável. Este é o terreno onde todas as crenças podem se reencontrar, porque não é motivo de disputas, mas sim regras de conduta abrangendo todas as circunstâncias da vida, pública e privada.

Qual o objetivo de O Evangelho Segundo o Espiritismo?

Allan Kardec reuniu nesta obra os artigos que pudessem constituir um código de moral universal, sem distinção de culto. Por que procedeu desta forma? Porque o Espiritismo, como um todo, foi codificado com esse objetivo, o de tornar os seus ensinamentos úteis para toda a população terráquea, e não para uma comunidade, uma organização, uma dada religião.

As máximas morais, comentadas ao longo deste livro, foram bem

fundamentadas? Sim. Observe que Allan Kardec teve o cuidado de não se basear em uma única informação. Passava tudo pelo crivo da razão. Dizia: “A única garantia séria do ensinamento dos Espíritos está na concordância que existe entre as revelações feitas espontaneamente, por intermédio de um grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, e em diversos lugares”.

Como as matérias foram colocadas ao longo do livro?

O Evangelho Segundo o Espiritismo foi dividido em 28 capítulos. O 28º capítulo trata da “Coletânea de Preces Espíritas”; nos outros 27, estão os ensinamentos morais do Cristo. Refletindo sobre cada um desses capítulos vamos adquirindo um vasto conhecimento sobre nós mesmos, sobre o mundo que nos rodeia, sobre outras galáxias e, principalmente, sobre o nosso relacionamento com o próximo. Não é um livro para ser apenas estudado, mas para ser posto em prática, no dia-a-dia.

Bibliografia

  • KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.
  • BATTAGLIA, 0scar. Introdução aos Evangelhos — Um Estudo Histórico-crítico. Rio de Janeiro: Vozes, 1984.

Fonte

Aprofundamento Doutrinário
Autor: Sérgio Biagi Gregório

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