Cabala
Publicado em 11 de Janeiro de 2019 ‐ 4 min de leitura
Denominação dada a várias tendências religiosas e/ou filosóficas, surgidas na Europa, a partir do século XII, carregadas de misticismo e esoterismo.
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O que se entende por cabala?
O termo “cabala”, do hebraico Qabbalah, é utilizado para definir a interpretação mística e as tradições esotéricas do judaísmo. No contexto da religião judaica ela se apresenta desde o século XII, como mística (em seu conteúdo) e doutrina oculta (em sua forma). Por extensão, emprega-se este nome a quaisquer maquinações secretas entre pessoas que têm o mesmo objetivo. (1)
Qual o sentido original do termo Qabbalah?
Na linguagem talmúdica, Qabbalah significa simplesmente “tradição”, e designa os textos proféticos e hagiográficos da Bíblia sem nenhuma conotação mística ou esotérica. (1)
Quando o termo passou a ter um sentido esotérico?
Somente a partir do século XII. Inicialmente, foi transmitida oralmente, depois exposta por alguns rabinos em certo numero de tratados, como por exemplo, O Livro da Criação (Yetsirah) e o Livro do Esplendor (Zohar). Depois, passou a ser usado retroativamente a todos os movimentos judeus, desde a antiguidade até as épocas recentes. (1)
Onde os cabalísticas vão buscar a fonte de suas conjecturas?
É à Bíblia que os cabalistas vão buscar a fonte das suas congeminações filosófico-teológico-cosmogônicas, fazendo-as remontar a grandes personagens do A. T. para lhes dar maior autoridade. Exploram, por isso, alguns passos que mais favorecem as suas lucubrações: narrativa genesíaca da criação, visão de Isaías no templo, como divino de Ezequiel, visões apocalípticas de Daniel etc. (2)
Como a mística se adaptou ao judaísmo?
A mística, em suas etapas de transcendência, mostra como o ser humano pode entrar em contato direto com Deus. No judaísmo, isto não seria possível, pois Deus já trouxe a Torá ao seu povo eleito. Para tais lucubrações, usam a “gnose”, ou seja, o conhecimento dos mistérios divinos reservados a uma elite.
Como está exposta a mística cabalística?
Deus é em si inacessível. “A luz divina concentra-se e projeta-se em raios que constituem as substâncias emanadas ou Números (Sephirot) que formam os seres intermediários e o mundo. As primeiras duas substâncias são a Sabedoria (Hochma) e a Inteligência (Lógos) que, com Deus, formam as primeiras três hipóstases bem como o mundo invisível que é o modelo do visível. Os dois mundos estão interligados pelo amor: o mundo inferior tende ao superior e, em resposta, a esse impulso, o mundo superior deseja e ama o inferior.” (3)
Em que se assenta a sua hermenêutica artificial e arbitrária?
A Gematria ou Geometria, baseada no valor numérico das letras,
procura o significado de uma palavra ou texto noutra palavra ou texto, cujo valor lhe seja equivalente.
Notaricon (de nota, indicação) é a disposição das letras indicando
as iniciais doutra palavra.
Temura (do heb. mur, mudar, substituir) é o modo de procurar um
novo significado, transpondo ou substituindo as letras por outras correspondentes à maneira dos anagramas. (2)
Como os cabalistas se tornaram os dominadores do saber?
As razões da cabala encontram-se por um lado, na Palestina, nas seitas dos essênios e dos monges de Qumran, e por outro lado, no judaísmo extrapalestino, na mitologia iraniana, no sincretismo religioso do helenismo tardio e no gnosticismo. Segundo a simbologia biológica do Sohar a semente primordial brota no corpo da mãe divina (Binah, que corresponde provavelmente à “Sophia” gnóstica), que no céu e na terra simboliza a “comunidade Israel” (“Knesset Israel”). (4)
A linguagem cabalística coincide com os termos espíritas?
Não. A concepção cabalística, em consonância com o pensamento de outras escolas ocultistas, admite a existência de espíritos elementais, isto é, uma categoria diferente, porque formada de espíritos que habitam os chamados quatro elementos: fogo, ar, terra e água.
(1) GOETSCHEL, Roland. Cabala. Tradução de Myriam Campello. Porto Alegre, RS: L&PM, 2010 (Coleção L&PM POCKET; v. 780).
(2) ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.]
(3) ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.
(4) LURKER, Manfred. Dicionário de Simbologia. Tradução Mário Krauss e Vera Barkow. 2. ed., São Paulo: Martins Fontes, 2003.
Fonte
Aprofundamento Doutrinário
Autor: Sérgio Biagi Gregório
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